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Revisão comparativa dos 68Ga-DOTA-peptídeos

Medicina nuclear no diagnóstico de tumores neuroendócrinos

Tumores neuroendócrinos representam um grupo heterogêneo de neoplasmas que são originados na crista neural. Os principais focos de tumores neuroendócrinos são o trato gastrointestinal e pulmões, mas também podem ser encontrados no pâncreas, ovário e testículos(9).

A maioria dos tumores neuroendócrinos expressa alta densidade de receptores de somatostatina, possibilitando o desenvolvimento de análogos de somatostatina marcados com radionuclídeos, que permitem a localização desses tumores e suas metástases por cintilografia. A somatostatina é um peptídeo que pode ser constituído de 14 ou 28 aminoácidos. Há cinco subtipos de receptores de somatostatina humana: SSTR-1, SSTR-2, SSTR-3, SSTR-4 e SSTR-5. Esses subtipos pertencem à superfamília dos receptores acoplados à proteína G que, juntos, têm vários efeitos sistêmicos intracelulares. A somatostatina pode ser considerada um neurotransmissor, um neuro-hormônio ou um hormônio que atua através de mecanismos locais autócrinos ou parócrinos. Os receptores tumorais se ligam com alta afinidade a análogos de peptídeos e não a um receptor mediador de ações fisiológicas ou patofisiológicas do peptídeo. Atualmente esses peptídeos radiomarcados estão sendo utilizados no diagnóstico e na terapia de tumores que expressem em grandes quantidades esses tipos de receptores(10,11) . Tumores neuroendócrinos (TNE) historicamente são considerados raros, entretanto, estimativas de incidência recentes sugerem que eles são mais comuns do que o esperado. Nos últimos anos, um crescente número de estudos científicos relatou a alta precisão dos DOTA-peptídeos na identificação de lesões tumorais quando comparados aos procedimentos de captação de imagens morfológicas (Ressonância Magnética, Tomografia computadorizada, Ultrassonografia) e cintilografia com SPECT. De fato, o tamanho reduzido da maioria dos tumores neuroendócrinos, a variação da sua localização anatômica e o baixo metabolismo dos tumores mais diferenciados têm limitado sua detecção por métodos convencionais de obtenção de imagem. A possibilidade de avaliar a presença de receptores de somatostatina através de um método não invasivo é uma das vantagens da utilização de DOTA-peptídeos, com implicação direta na terapia do paciente(12).

O aumento do uso de PET/CT levanta a questão da possibilidade desse procedimento também ser indicado em casos de suspeita clínica, bioquímica ou radiológica da presença de tumores neuroendócrinos. A confirmação do diagnóstico de TNE através da detecção da alta expressão de receptores de somatostatina, com um método não invasivo que analisa o corpo inteiro é, com certeza, muito atraente. Isto representa uma grande vantagem considerando os riscos associados à obtenção de amostra para realização de biópsia, principalmente em casos de lesões muito pequenas e em locais anatômicos de difícil acesso(13).

Os receptores de somatostatina (SSTR) são expressos em tumores neuroendócrinos e em outros tipos de tumores. Os receptores SSTR também são expressos em tecidos normais como glândula pituitária, glândulas salivares, tireoide, mucosa gástrica, pâncreas, duodeno, íleo e cólon. A afinidade de ligação ao receptor, internalização e biodistribuição dos diferentes ligantes do SSTR têm se mostrado dependente da constituição do peptídeo, molécula quelante (DOTA, NOTA, DFO, DTPA), cátions metálicos, ligantes e modificadores farmacocinéticos(14).