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Variação da captação do FDG-18F durante a insulinoterapia em exames de PET-CT: Revisão sistematizada

Discussão

O presente estudo relata sobre a variação da captação do FDG-18F durante o exame de PET-CT em pacientes que apresentam glicose elevada e que precisam fazer uso da insulina. O diabetes mellitus é uma doença que vem crescendo cada vez mais, a pessoa portadora dessa síndrome pode sofrer diversas consequências como uma amputação dos membros, cegueira dentre outros problemas. Além disso, o seu impacto na vida dos pacientes os tornam vulneráveis a outras possíveis comorbidades. O aumento na incidência de pacientes diabéticos e que apresentam co-morbidades oncológicas submetidas ao PET-CT justificam novas alternativa de pesquisa manejo destes pacientes com objetivo de melhorar a sensibilidade do exame e reduzir artefatos oriundos deste quadro: hiperglicemia e FDG-18F.

Segundo os dados de Ferreira(10), Lucena(11) e Dantas(12) o diabetes mellitus é uma síndrome de comprometimento do metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas sendo causada pela ausência de secreção de insulina ou também pela redução da sensibilidade dos tecidos a insulina. Outro fator importante relacionado ao diabetes mellitus é sua relação com a obesidade apontado por Maraschin(8) e Freitas(16), onde eles abordam como a obesidade interfere na resistência à insulina, e isso acontece devido ao excesso de tecido adiposo juntamente com o consumo elevado de gordura, onde são capazes de sintetizar e ativar proteínas, com ações inflamatórias que vai influenciar na via intracelular da insulina e causar problemas na translocação do GLUT-4 para a membrana plasmática.

Como já se sabe, o uso da insulina é essencial para os pacientes diabéticos que apresentam glicemia alta, porém, no momento em que antecede o exame de PET-CT é necessário que o paciente apresente uma glicemia estável abaixo de 200mg/dL pois se, a glicemia estiver alterada pode influenciar na captação do FDG-18F levando a resultados que não se tornam fidedignos. O quadro 1 mostra sobre os tipos de insulina e a sua ação, onde Pires(14), apontam em seu estudo que existem variados tipos de insulinas, a regular, os análogos de insulina de ação rápida, insulinas de ação intermediaria, análogos de insulina basal, as pré-misturas e a insulina inalável. Sendo que, cada uma apresenta um tipo de reação, duração e eficácia. A sua conclusão baseada em diversos estudos e experimento é que os análogos de insulina de ação rápida lispro e asparte mostram as propriedades farmacocinética e farmacodinâmica similares, e que a determinam uma vantagem quando comparada com a NPH, na redução de peso dos pacientes. Outro fator importante abordado por Pires(14), é que as dosagens de insulina vão depender de algumas variáveis como idade, peso e comportamento nutricional.

De acordo com o estudo proposto por Machado(20), são descritos pela literatura 14 tipos de transportadores de glicose. Silva(19) destaca em seu estudo os cincos mais importantes, sendo eles, GLUT-1,2, 3, 4 e 5. O autor ainda cita que cada um desses GLUTs apresenta funções distintas e que o GLUT-4 é o transportador insulinodependente, abundante nas membranas celulares dos músculos esqueléticos, cardíacos e tecido adiposo.

Roy(22) et al. discutem em seu estudo sobre os valores alterados de glicemia e como isso pode influenciar na captação do FGD. Pacientes que apresentam uma glicemia maior que (126 mg/dL) podem apresentar uma redução na sensibilidade do estudo com FDG. Entretanto, pacientes diabéticos que possuem uma glicemia abaixo de (180 mg/dL), apresentam uma biodistribuição adequada do FDG-18F. Os autores classificaram a variação na biodistribuição do FDG em relação à sua captação muscular em diferentes grupos, identificando pontuações entre 0 e 4, demonstrando, portanto, a variação na sensibilidade do método, com o aumento na captação muscular. Na biodistribuição normal, o paciente é identificado com a pontuação 0. Nos casos onde a biodistribuição apresentou alterações, o paciente com captação suave foi identificado com o valor 1; quando a absorção foi muscular, envolvendo mais de um grupo muscular, obteve pontuação 2; nos casos com absorção muscular difusa de intensidade moderada, a pontuação foi 3; e o paciente que apresentou uma absorção muscular difusa e intensa, resultando em exame não diagnosticado, obteve a pontuação máxima que foi 4 (fig. 1). Abaixo, as imagens mostram um exemplo dessa biodistribuição normal e alterada (fig. 2).

Figura 1
Figura 1 Variação na biodistribuição do FDG em relação à sua captação muscular.

Figura 2
Figura 2 Imagem comparativa. Captação normal vs. captação muscular do FDG por ativação do GLU-4 dependente de insulina. Em A, PET; em B, fusão PET/CT. Fonte: Arquivo próprio dos autores.

Esses pacientes que fizeram o uso de insulina tinham câncer de pulmão, seguido de câncer gastrointestinal, câncer genitourinário e câncer de mama. Diante desse trabalho com os pacientes, Roy(22) chegou a conclusão de que o protocolo proposto de insulina provou ser seguro e eficaz, sendo que 75 % dos pacientes apresentaram uma biodistribuição adequada após o uso da insulina. O único caso de resultado falso-negativo foi atribuído a um paciente que apresentou uma biodistribuição alterada e que foi claramente observado, os outros casos de falso-negativos estavam relacionados aos tipos de câncer que possuíam baixa avidez com FDG-18F no caso de leiomiossarcoma moderadamente diferenciado e histiocitose de células de langerhans.