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Caracterização de exames PET-CT realizados no serviço de medicina nuclear em um hospital no sul do Brasil

Introdução

O aumento da expectativa de vida e o consequente envelhecimento da população tem como consequências diretas o surgimento de diversas patologias como o câncer, além de doenças neurodegenerativas. Neste contexto, o diagnóstico precoce, assim como a busca por novas estratégias de tratamento tem se tornado alvo de inúmeros estudos em todo mundo(1,2).

Atualmente, a grande maioria das decisões clínicas relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento de diferentes patologias é direcionada por exames de imagem. A utilização de ferramentas diagnósticas como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) é amplamente difundida há décadas. Embora essas técnicas sejam essenciais para o diagnóstico e tratamento de patologias como o câncer, elas são capazes de mapear a anatomia e a morfologia de tumores; no entanto, não transmitem informações sobre o seu metabolismo(3,4). Diferentemente destas tecnologias de imagem (voltadas predominantemente para definições anatômicas da doença), a tomografia por emissão de pósitrons (PET) fornece imagens da função e do metabolismo corporais. O exame de PET é capaz de demonstrar as alterações bioquímicas antes da detecção de uma anormalidade estrutural evidente, permitindo um diagnóstico precoce. A atividade metabólica pode ser captada através da utilização de fluordesoxiglicose (FDG) administrado por via intravenosa. O FDG é um análogo da glicose ligado ao Flúor 18 (18F-FDG), que pode ser detectado em regiões onde seu metabolismo está aumentado como, por exemplo, em lesões tumorais(5,6). Por identificar mudanças que ocorrem no metabolismo das células, as imagens podem mostrar pequenas lesões que não são detectadas em outros exames de imagem. 

O equipamento de PET-CT é híbrido, sendo que a tomografia computadorizada e a PET registram simultaneamente as imagens anatômicas e de atividade metabólica das células em um único exame(7). O exame de PET-CT possui várias vantagens se comparado ao exame de PET somente; entre elas destaca-se a capacidade de localizar com precisão anatômica um aumento de atividade de 18F-FDG(3).

O exame de PET-CT possui várias indicações, principalmente relacionadas à oncologia, entre os quais podemos citar: diferenciação de lesões benignas de malignas, detecção de tumor primário, estadiamento de tumores malignos, avaliação de resposta terapêutica, detecção de recorrência tumoral(3,6). Além disso, o PET-CT neurológico pode ser realizado para localização de foco epileptogênico e diagnóstico diferencial de demências como Alzheimer e Parkinson. Outra indicação é o PET-CT cardiológico, utilizado para avaliação da viabilidade miocárdica, sarcoidose cardíaca e endocardite infecciosa(5).

Por ser considerado um exame de alto custo, atualmente no Brasil, o SUS autoriza a realização do exame somente para três tipos de doenças, conforme portaria nº 1.340, de 1° de dezembro de 2014: linfomas, câncer de pulmão e câncer colorretal com metástase hepática(8). Diante disso, mostra-se pertinente a mensuração dos dados de exames realizados, tendo em vista conhecer o perfil de pacientes que realizam o PET-CT. Os indicadores de qualidade são considerados instrumentos de gestão que orientam o caminho para a excelência do cuidado, eles se constituem na maneira pela qual os profissionais de saúde verificam uma atividade, monitoram aspectos relacionados a determinada realidade e avaliam o que acontece com os pacientes, apontando a eficiência e eficácia de processos e os resultados organizacionais(9,10).

A partir do que foi descrito acima, aposta-se que os resultados desta pesquisa possam oferecer subsídios aos gestores de saúde, com vistas ao fortalecimento das diretrizes e dos princípios do SUS na rede hospitalar. O objetivo do presente estudo foi caracterizar os exames realizados em relação ao perfil do paciente usuário, assim como do acesso ao exame de PET-CT no Serviço de Medicina Nuclear em um hospital no sul do Brasil.