Perfil de risco inicial, reavaliação de risco após iodoterapia e seguimento de pacientes com carcinomas diferenciados de tireóide

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
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INTRODUÇÃO: Sabe-se que o perfil de risco de pacientes com carcinomas diferenciados de tireoide (CDT) é usualmente baixo, com excelente resposta aos tratamentos padrão instituídos e evolução e sobrevida muito bons. Nos últimos anos o papel da iodoterapia com iodo-131 tem sido bastante questionado, devido a esse perfil de baixo risco e a evolução das técnicas cirúrgicas (tireoidectomias totais ou quase totais, menor morbidade, abordagem quase sempre sistemática do compartimento linfonodal cervical nível VI e um real estadiamento dessa região). Além disso, métodos mais precisos de dosagem de tireoglobulina também trazem mais precisão ao seguimento clínico. Em virtude desses avanços e dos questionamentos do valor realmente agregado da iodoterapia no tratamento dos pacientes com CDT, o Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC) sugeriu uma nova classificação de risco, com o intuito de tentar estratificar melhor os pacientes e definir quem necessita de tratamento mais invasivo e quem poderia ser conduzido de modo mais conservador. Tempos depois, a mesma instituição criou uma nova classificação que reavalia o risco do paciente após as condutas iniciais, por entender que o perfil de risco pode mudar com o tempo, percepção essa que também é a nossa.

OBJETIVOS: Avaliar perfil de risco de pacientes encaminhados a serviço de iodoterapia; Comparar estadiamento/ estratificação de risco pelas classificações AJCC e MSKCC; Fazer levantamento da resposta terapêutica ao tratamento com iodo radioativo, com mudanças nos níveis de tireoglobulina sérica; Reclassificação do risco com a classificação MSKCC.

MATERIAS E MÉTODOS: Trabalho retrospectivo, com análise de prontuário.

RESULTADOS: Foram estudados até o momento (trabalho de longo prazo em andamento) 30 pacientes, com predominância do sexo feminino (93%) , média de idade de 50,5 anos e todos portadores de carcinomas papilíferos de tireóide. Pela classificação/ estadiamento AJCC 67% eram estádio I, 10% estádio II, 13% estádio III e 10% estádio IV. Pelo MSKCC 43% foram classificados como baixo risco, 50% como intermediário e 6,7% alto risco. Na vasta maioria dos casos a realização de iodoterapia reduziu significativamente os níveis de tireoglobulina (TG) sérica. A realização de iodoterapia aumentou o número de pacientes com TG de até 2 ng/ml em mais de 50%. Na reavaliação de risco dos pacientes que finalizaram o seguimento (19 casos) pelos critérios MSKCC 57% tiveram excelente resposta, 3% resposta incompleta e 3% resposta aceitável.

DISCUSSÃO: Em nossa casuística foram considerados pacientes de baixo risco pelo AJCC aproximadamente 77% dos casos (estádios I e II), enquanto pela classificação do MSKCC apenas 43% eram assim classificados. A reclassificação de risco do MSKCC mostrou que nessa população submetida a iodoterapia a vastíssima maioria foi considerada como tendo excelente resposta e observamos valores de TG sérica pós uso de iodo-131 de até 2 ng/ ml 50% mais frequentes quando comparada com o status pré tratamento. A avaliação de risco e o tratamento complementar criterioso de pacientes com CDT podem provavelmente melhorar a evolução dos pacientes através de seguimento mais preciso com valores de TG sérica menor e melhor reclassificação de risco. Esses dados coincidem com os de outros trabalhos publicados em literatura.