Uso clínico de dotate-68ga no Brasil: primeiros resultados

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
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Introdução: A cintilografia com análogos de somatostatina há muito tempo está presente na prática clínica da medicina nuclear convencional. Entretanto, já há alguns anos está disponível no exterior radiofármacos para exames PET/CT com a mesma indicação, porém com acurácia diagnóstica muito superior em relação aos exames tradicionais com peptídeos marcados com índio-111 ou com tecnécio-99m, devido à alta resolução espacial e maior sensibilidade dos equipamentos PET/CT, além de fusão com as imagens de tomografia computadorizada, o que também aumenta a especificidade dos exames. Dentre os análogos de somastostatina para PET/CT, destacam-se os traçadores marcados com Gálio-68, sendo os mais conhecidos o DOTATE, o DOTATOC e o DOTANOC, todos com acurácia diagnóstica semelhantes.

Objetivo: Apresentar os primeiros pacientes submetidos ao exame com DOTATE-68Ga no país.

Material e Métodos: Três casos onde o DOTATE-68Ga foi utilizado, sendo um paciente voluntário, sadio, e dois pacientes portadores de neoplasia neuroendócrina diagnosticada. Foram utilizados gerador de Gálio-68, peptídeos e materiais para a marcação do radiofármaco fornecidos por empresa alemã, em parceria com uma empresa brasileira. Todos os pacientes receberam injeção venosa de 0,04 mCi/kg de DOTATE-68Ga. Após fase de captação de 45 minutos, as imagens foram adquiridas em um aparelho PET/CT dedicado (Biograph mCT 128, Siemens) com 3 minutos por posição de maca e interpretadas por médicos nucleares e radiologistas.

Resultados e Conclusões: Em todos os pacientes estudados, houve distribuição fisiológica do radiofármaco nas regiões comumente descritas na literatura, como na hipófise, tireóide, glândulas salivares, fígado, baço, rins e alças intestinais. Ambos os pacientes com envolvimento neoplásico tinham o diagnóstico de lesões neuroendócrinas metastáticas recém-diagnosticadas, sem doença primária conhecida. O primeiro paciente, sem sintomas clínicos, apresentou-se com múltiplas lesões hepáticas à tomografia computadorizada, cuja biópsia de uma delas revelou adenocarcinoma pouco diferenciado, com características neuroendócrinas. As imagens de PET/CT com DOTATE-68Ga revelaram lesões hepáticas sem captação do radiofármaco, compatível com a indiferenciação tumoral. O segundo paciente era portador de tumor neuroendócrino metastático para o fígado, com síndrome carcinóide. As imagens de PET/CT com DOTATE-68Ga mostraram inúmeras lesões hepáticas, linfonodomegalias retroperitoneais e no ramo direito da mandíbula, todas com acentuado aumento da captação do radiofármaco. Em ambos os casos, o PET/CT com DOTATE-68Ga mostrou-se de suma importância. No primeiro, por demonstrar lesões sem expressão de receptores de somatostatina e, portanto, ausência de benefício de tratamento com análogos de somatostatina (frio ou quente). No segundo, por estagiar mais acuradamente o paciente, que se beneficiará de tratamento com análogos de somatostatina. Em resumo, o DOTATE-68Ga é um radiofármaco para PET/CT totalmente viável em nosso país, que não depende de instituições governamentais nacionais para ser produzido. Substitui, com vantagens, a cintilografia com análogos de somatostatina convencional, tendo inclusive uma relação custo-benefício melhor.