Introdução: A tomografia por emissão de pósitrons associada à tomografia computadorizada (PET/CT) com fluordeoxiglicose marcada com flúor-18 (FDG-¹⁸F) é útil na avaliação do metabolismo glicolítico cerebral e tem contribuído principalmente nos casos de epilepsia e demências. A dose habitual de FDG-¹⁸F administrada em nosso serviço em exames de PET/CT cerebral, para um paciente adulto, é de 370 MBq. De acordo com a Sociedade Europeia e Americana de Medicina Nuclear, as atividades recomendadas para esse estudo variam de 111 MBq a 740 MBq. Devido à exposição do paciente à radiação, pela PET e CT, é interessante avaliar a possibilidade de redução da atividade de FDG-18F administrada, minimizando a exposição, porém sem prejuízo na qualidade das imagens.

Relato de caso: Paciente masculino, 32 anos, participante como voluntário normal de um protocolo de pesquisa para tratamento de dor crônica com estimulação magnética transcraniana (TMS). Como todos os voluntários, o mesmo foi submetido a dois exames de PET/CT cerebral, um após estímulo verdadeiro da TMS e outro, após um estímulo placebo da TMS. O primeiro exame foi realizado com 185 MBq e o segundo com 67 MBq. Os exames foram adquiridos no equipamento Siemens Biograph (CTI) com cristal BGO, após 30 minutos da administração intravenosa da FDG-¹⁸F. A aquisição das imagens de PET foi realizada com matriz de 256 x 256; zoom de 2,5; tempo de aquisição de 15 minutos para o estudo realizado com 185 MBq e de 25 minutos para o estudo com 67 MBq. O intervalo de tempo entre a administração da FDG-¹⁸F e o início da aquisição das imagens foi de 30 minutos para os dois exames. O processamento foi realização com reconstrução iterativa, com 6 iterações e 16 subsets. O protocolo da tomografia computadorizada foi o mesmo nos dois exames, com 130 kV e 160 mAs. A análise qualitativa das imagens não demonstrou prejuízo na qualidade das imagens.

Discussão: As diretrizes europeia e americana relatam dose equivalente de 0,019 mSv por MBq para estudos cerebrais realizadas com FDG-¹⁸F, de acordo com os cálculos dosimétricos baseados no International Commission on Radiation Protection (ICRP) 106. Com base nesses dados, demonstra-se no presente relato que o exame realizado com 185 MBq proporcionou uma dose equivalente de 3,5 mSv e o realizado com 67 MBq, uma dose de 1,3 mSv, sem prejuízo na qualidade das imagens. Os fatores que contribuíram para esse resultado foram a correção parcial da redução da dose com o aumento no tempo de aquisição das imagens, e provável maior taxa de eventos verdadeiros detectados em relação aos eventos randômicos com a redução da atividade administrada. Tomando-se como exemplo o presente relato, podemos considerar positiva a redução da atividade administrada em pacientes colaborativos, que permitam aquisição das imagens em maior tempo, proporcionando a redução da dosimetria aos mesmos, sem perda da qualidade das imagens.