Introdução: O fenômeno flip-flop é representado pelo mecanismo alternante da captação entre o I-131 e o FDG nos tumores papilíferos e foliculares da tireóide. Esses carcinomas e suas metástases mostram captação do radioiodo com baixa captação do FDG ou ausência de captação do radioiodo com intensa captação do FDG. Essas diferenças parecem relacionadas ao grau de diferenciação celular.

Objetivo: Demonstrar que o padrão de incongruência na captação entre iodo e FDG, com alta avidez pelo FDG, atua como fator de mau prognóstico.

Descrição: Paciente masculino, 56 anos, com tireoidectomia total por carcinoma folicular, variante de células altas. Houve crescimento tumoral no intervalo entre cirurgia e a iodoterapia prevista, com reintervenção. Administrada dose terapêutica com 300 mCi de I131, com queda inicial nos níveis de tireoglobulina, seguida por elevação progressiva e realização de PET/CT.

Resultados: Observou-se metabolismo exacerbado na massa e linfonodos cervicais, com incongruência entre a captação do iodo na PCI pós-dose, sobretudo em topografia do lobo esquerdo. Realizada ressecção tumoral supostamente completa com queda nos níveis de tireoglobulina. Administrada nova dose terapêutica com radioiodo, sem novo PET/CT, apesar do flip-flop. Houve aumento de tireoglobulina e do volume cervical, com PET/CT posterior evidenciando doença cervical remanescente e múltiplas metástases à distância.

Conclusão: A hipótese de desdiferenciação tumoral deve ser considerada sempre que identificada evolução atípica ou maior agressividade em carcinomas diferenciados da tireóide. A intensa atividade glicolítica com baixa avidez ao radioiodo funciona como fator de mau prognóstico. A radioiodoterapia, mesmo em altas doses, não é capaz de erradicar metástases ávidas por FDG, devendo-se considerar como opções terapêuticas cirurgia e radioterapia externa.