Introdução: O objetivo é relatar um caso de carcinoma adrenal metacrônico cuja identificação pela tomografia por emissão de pósitron acoplada à tomografia computadorizada com 18-fluordeoxiglicose ([¹⁸F]FDG PET/CT) só foi possível após estímulo com hormônio adrenocorticotrófico sintético (cosintropina).

Relato:RFA, masculino, com história de carcinoma de adrenal, submetido à adrenalectomia esquerda aos 2,6 anos e à adrenalectomia e nefrectomia à direita aos 4,8 anos por recidiva da doença. Evoluiu com metástase pulmonar única aos 6 anos e nódulo mediastinal aos 6,8 anos, realizando metastasectomia e nodulectomia. persistiu em remissão clinicolaboratorial por mais de 10 anos. Por volta dos 18 anos houve nova elevação dos androgênios periféricos (sulfato de dehidroepiandrosterona e composto S), os quais não eram suprimidos por altas doses de dexametasona, significando produção autônoma, compatível com recorrência. Métodos de imagem convencional não evidenciaram lesão. Aos 18,5 anos, realizou [¹⁸F]FDG PET/CT que apresentava o padrão habitual de distribuição do radiofármaco, sem caracterização de lesões focais. Baseando-se no relato de um portador de síndrome de Nelson, com quadro de hipercortisolismo persitente, que teve o tecido adrenal ectópico detectado pelo [¹⁸F]FDG PET/CT após estímulo com cosintropina, nosso paciente foi submetido a outro PET/CT sob condições semelhantes. Seguindo a dieta pobre em carboidratos na véspera e sob jejum de 10 horas, com glicemia capilar de 64 mg/dL, foram injetados 8,4 mCi (310,8 MBq) de [¹⁸F]FDG. Trinta minutos após a injeção do radiofármaco, foram administrados 250 mcg de cosintropina intravenosa. imagens da base do crânio até as coxas foram obtidas 67 minutos após a administração do radiofármaco (37 minutos após a cosintropina) em equipamento PET/CT Ge Discovery. imagens adicionais tardias de abdome e pelve foram realizadas após 20 mg furosemida intravenosa. A análise das imagens demonstrou metabolismo glicolítico em formação nodular sólida imediatamente anterior à artéria renal esquerda junto ao hilo, medindo cerca de 1,5 cm (SUVmax: 3,6), compatível com doença de base em atividade. Paciente encaminhado para ressecção laparoscópica da lesão, entretanto não compareceu para o procedimento.

Conclusão: Neste caso, em que os métodos convencionais foram negativos na detecção de metástase de carcinoma adrenal, o [¹⁸F]FDG PET/CT sob estímulo da cosintropina demonstrou-se útil na detecção do tecido adrenocortical ectópico.