O transportador de dopamina em usuários crônicos de crack: um estudo in vivo de spect com TRODAT-1-99mTc.

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
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Introdução: Crack é a cocaína utilizada pela via pulmonar, sendo fumada com o auxílio de cachimbos ou similares, que chega ao sistema nervoso central de forma imediata, O crack é uma droga de baixo custo, fácil obtenção, grande poder destrutivo, rápido poder de dependência e compulsividade - que ocasiona danos muito graves aos usuários. Deste modo tem se difundido velozmente e se tornado uma epidemia nacional. O crack bloqueia o transportador de dopamina (DAT) aumenta as concentrações extracelulares de dopamina, resultando em elevada estimulação de neurônios nas regiões cerebrais envolvidas com o comportamento de reforço e recompensa. Neste trabalho realizamos um estudo com usuários crônicos de crack que o utilizavam como droga de primeira escolha e que estavam em internação em programas de desintoxicação e tratamento para a dependência do uso desta droga. Avaliamos in vivo o transportador de dopamina através do radiotraçador para SPECT, TRODAT-1-99mTc.

Objetivo: Avaliar a densidade do transportador de dopamina, na região estriatal de usuários crônicos de crack em abstinência, utilizando imagens de SPECT com o radiotraçador TRODAT-1-99mTc, comparando com indivíduos saudáveis, não usuários de crack, pareados por idade, sexo e escolaridade.

Métodos: Foram avaliados 25 usuários de crack (grupo 1) em abstinência média de 6 dias e 16 voluntários saudáveis (grupo 2), pareados por idade e escolaridade, submetidos a exames de SPECT (tomografia computadorizada por emissão de fóton único) com o radiotraçador TRODAT-1-99mTc, de alta afinidade pelo transportador de dopamina, em um equipamento GE Infinia Hawkeye®, com colimadores fan-beam O potencial de ligação do transportador de dopamina (PL-DAT) foi calculado no estriado, caudado e putamen direito e esquerdo.

Resultados: Não houve diferença entre os grupos em relação a idade (anos), grupo 1 (média ± DP) = (31,76 ± 9,54) e grupo 2 = 35,19 ± 10,48, t= 1,079, p=0,28; e escolaridade, grupo 1 (8,8 ± 3,27) e grupo 2 (10,56 ± 3,38) (t=-1,658, p =0,10). Observou-se um aumento do PL-DAT dos usuários de crack em todas as regiões analisadas: estriado direito (1,45 ± 0,28 vs 1,24 ± 0,19; p=0,01; t= 2,61); estriado esquerdo (1,41 ± 0,28 vs 1,22 ± 0,21; p=0,02; t=2,29); caudado direito (1,83 ± 0,42 vs 1,54 ± 0,32; p=0,02; t=2,37); caudado esquerdo (1,87 ± 0,44 vs 1,54 ± 0,28; p=0,01; t=2,66); putamen direito (1,47± 0,34 vs 1,22 ± 0,18; p=0,01; t=2,67); e putamen esquerdo (1,50 ± 0,45 vs 1,26 ± 0,30; p=0,03; t=1,88). .

Conclusão: O uso crônico de crack aumenta as quantidades do transportador de dopamina em todas as regiões estriatais dos usuários. Como consequência ocorre uma diminuição da disponibilidade de dopamina o que pode explicar a anedonia e a intensa necessidade e desejo pela busca e consumo do crack no período de abstinência.

Apoio Financeiro: FAPESP - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo

Instituição: Departamento de Psiquiatria UNIFESP; Instituto do Cérebro do Iiepae; DDI - UNIFESP