Introdução: A incorporação da localização anatômica obtida pelos aparelhos de SPECT tem demonstrado utilidade em diversos exames de Medicina Nuclear. A pesquisa de hemorragia digestiva com hemácias marcadas é uma técnica que tem elevada acurácia para detecção de sangramento, porém apresenta limitações em localizar com precisão o sítio da hemorragia. Alguns estudos têm sugerido que o SPECT CT pode auxiliar nesta tarefa.

Objetivo: Avaliar a utilidade do SPECT CT em pacientes que realizaram cintilografia com hemácias marcadas para detecção de hemorragia digestiva.

Material e Métodos: Foi realizado um estudo entre novembro de 2011 até julho de 2012, na qual realizamos 7 exames com hemácias marcadas em que foi realizado o SPECT CT. A técnica foi: imagens dinâmicas do abdome por 60 minutos após a marcação in vivo das hemácias com 99mTc-Pirofofasto. Após a fase dinâmica foram realizadas imagens estáticas e tomográficas do abdome. Analisou-se os achados clínicos, cintilográficos e realizado o seguimento telefônico com os médicos assistentes.

Resultados:A média de idade foi 73,8 ±13.2 anos, sendo 4 (57,1%) mulheres. Avaliando as indicações clínicas: 5 foram para busca da etiologia de anemia ferropriva, com apenas 1 apresentando exteriorização (sangue oculto presente nas fezes); 2 pacientes internados devido à enterorragia para pesquisa da causa. Com relação à investigação inicial: todos apresentavam pelo menos 2 exames inconclusivos prévios, como: Endoscopia, Colonoscopia, Tomografia de Abdome e Pelve e Ressonância de Abdome. Com relação aos achados cintilográficos: 5 demonstraram foco de hemorragia digestiva baixa, 1 hemorragia digestiva alta e 1 teve o exame negativo. Por fim, além de confirmar a presença de hemorragia definiu-se o sítio de sangramento em 5, no total de 7, sendo 1 indefinido. O SPECT CT foi importante para definir o sítio de sangramento. Apenas com o SPECT, diagnosticamos a hemorragia, onde está começando. Dos 6 exames com hemorragia, em 5 o SPECT CT foi fundamental para fecharmos o sítio do sangramento e apenas 1 exame com SPECT definimos a presença de sangramento e a localização exata. Em nosso seguimento: 3 pacientes internados, 2 devido a enterroragia e 1 para pesquisa de causa da anemia ferropriva, o exame foi fundamental para localizar a região que sangrava. Solicitou-se antes da cirurgia a Cápsula Endoscópica para localização anatômica precisa, após evoluíram sem sangramentos. Os 3 pacientes com anemia e exame conclusivo permanecem em acompanhamento clínico; sendo que um deles com anemia recidivante, insuficiência renal teve o seu exame com grande impacto clínico, pois foi a única técnica que permitiu o diagnóstico e foi não invasiva. O único paciente que não evidenciamos hemorragia está em acompanhamento.

Conclusão: A cintilografia com hemácias marcadas e SPECT CT foi útil no diagnóstico e na conduta de pacientes com hemorragia digestiva. Novos estudos com maior número de pacientes são necessários para definir o real impacto desta nova técnica na prática clínica.