Relato de caso: carcinoma mioepitelial de partes moles identificado em cintilografia óssea com MDP-99mTc, um caso raro

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
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Introdução: O carcinoma mioepitelial é uma neoplasia maligna rara das glândulas salivares com aspectos clínicos, patológicos e imunohistoquímicos peculiares. Recentemente, são reconhecidos tumores mioepiteliais com sítio primário em partes moles, principalmente em extremidades. Este trabalho relata um caso de carcinoma mioepitelial identificado em cintilografia óssea com MDP-99mTc, sem relatos semelhantes na literatura sobre os aspectos cintilográficos desta entidade.

Relato: Paciente, 69 anos, masculino, apresenta tumoração no tornozelo esquerdo de crescimento progressivo há dois anos e dor local intensa. Radiografia da perna esquerda evidenciou área radioluzente na extremidade distal da tíbia, e à ressonância magnética, lesão sólida com áreas liquefeitas/necróticas, de contornos bem delimitados e lobulados, junto ao contorno posterior da tíbia distal, promovendo rotura da cortical óssea com componente intramedular, além de extenso componente de partes moles. À cintilografia óssea com MDP-99mTc, observou-se acentuado hiperfluxo sanguíneo e hiperemia na projeção do terço distal da perna esquerda, com padrão heterogêneo de vascularização, além de hiperconcentração tardia acentuada na região metadiafisária distal da tíbia esquerda, sugerindo lesão expansiva com áreas centrais de necrose/liquefação. A lesão descrita foi confirmada através de análise histológica e imunohistoquímica como carcinoma mioepitelial. Discussão: O carcinoma mioepitelial é uma neoplasia maligna rara das glândulas salivares, representando 0,4-0,6% de todos os tumores das glândulas salivares e 1,2 – 1,5% dos carcinomas. Recentemente tem sido descrito na literatura a sua ocorrência primária em partes moles. Geralmente se apresentam como tumores de baixo grau de malignidade, porém com um risco de recorrência de 20%. Ocorrem principalmente na sexta e sétima décadas de vida, com incidência semelhante entre os sexos. Os sintomas são variáveis, em geral edema associado à ulceração, dor ou sangramento. Metástases são raras, ocorrendo em até 14% principalmente para linfonodos, pulmão, fígado, rim, osso, cérebro. O diagnóstico é confirmado através do perfil imunohistoquímico e da análise histológica, onde se observa uma estrutura tubular com uma camada interna de células ductais cercada por células mioepiteliais. Infiltração das margens e perineural são frequentes. O tratamento é a ressecção cirúrgica da lesão na maioria dos casos, devido ao risco de comprometimento neural e infecções locais recorrentes. Os exames de imagem não apresentam um padrão específico, mas são utilizados para avaliação da extensão local da doença e no caso da cintilografia óssea, para avaliação de lesões metastáticas. O presente estudo relata de forma inédita na literatura o padrão de captação à cintilografia em lesão primária de carcinoma mioepitelial de partes moles e na detecção de possíveis metástases, confirmando a aplicação do método no estadiamento da neoplasia.