INTRODUÇÃO: O perfil de expressão de receptores de somatostatina em tumores neuroendócrinos é bastante variável e muitas vezes relacionado ao grau de diferenciação do tumor. Com o desenvolvimento de imagens funcionais percebeu-se que essa característica, além de outras como aspectos histológicos, expressão do Ki-67 dentre outros, pode prever o comportamento biológico dos tumores e ajudar na escolha de terapias.

RELATO DE CASO: Apresentamos caso de paciente de 58 anos, sexo masculino, com diagnóstico de tumor neuroendócrino de reto, com múltiplas metástases hepáticas, que veio ao nosso serviço realizar cintilografia com análogo de somatostatina para avaliar a expressividade dos receptores, a fim de determinar a escolha terapêutica. Havia sido tentado quimioterapia sem sucesso e o paciente encontrava-se bastante consumido pela doença. As imagens da cintilografia mostraram neoplasia com intensa expressão de receptores de somatostatina, de modo que praticamente só se visualizava o fígado e o reto, não sendo possível ver a biodistribuição normal do traçador. O tratamento com Octreotato-Lutécio-177 foi desaconselhado devido a captação muito intensa no fígado e sugerido tratamento com Octreotide frio.

DISCUSSÃO: A atuação da imagem molecular em tumores neuroendócrinos tem papel fundamental, não apenas sob ponto de vista diagnóstico, mas também terapêutico, sendo capaz de ajudar na inferência do comportamento biológico/ grau de diferenciação tumoral e trazendo respostas quanto às possibilidades terapêuticas. É mostrado um caso onde o excesso de receptores de somatostatina talvez explique a falência ao tratamento quimioterápico e ajuda na escolha atual de tratamento com Octreotide frio.