INTRODUÇÃO: O carcinoma hepatocelular (CHC) é o tumor hepático primário mais comum, e a 3ª causa de morte por câncer no mundo. Sua incidência é muito variável segundo as diferentes áreas geográficas, sendo mais elevada no sudeste asiático. As recentes melhoras na sobrevida e nas modalidades diagnósticas têm resultado em um aumento da detecção de metástases extra-hepáticas, sendo os pulmões os sítios mais freqüentes de acometimento extra-hepático. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de CHC com lesões intra-hepática e metastáticas pulmonares; discutir os achados da cintilografia de fígado e vias biliares com ácido 2,6-di-isopropil iminodiacético (DISIDA-^99mTc) nas lesões hepáticas e extra-hepáticas decorrentes de CHC; a utilidade da cintilografia com DISIDA-^99mTc na pesquisa de complicações pós-operatórias da árvore biliar, e a importância do SPECT/CT na precisa localização das lesões.

RELATO: Um paciente do sexo masculino, de 43 anos de idade, previamente submetido a hepatectomia direita, quimioembolização da artéria hepática direita e ressecção de lesões hepáticas, devido a CHC, com lesões bem diferenciadas e moderadamente diferenciadas ao exame histopatológico, foi submetido a cintilografia com DISIDA-^99mTc devido a colangite de repetição. As imagens cintilográficas e tomográficas co-registradas (SPECT/CT) evidenciaram hipercaptação do radiofármaco em um nódulo hepático, em uma área de provável ectasia bliar junto à superfície hepática, e em múltiplos nódulos pulmonares.

DISCUSSÃO: A captação de DISIDA-^99mTc por lesões hepáticas de carcinoma hepatocelular tem sido relatada em 36-57% dos casos, e a concentração do radiotraçador parece ser mais evidente em imagens tardias. A sensibilidade da cintilografia utilizando agentes biliares na detecção das lesões hepáticas está relacionada com o grau de diferenciação tumoral, sendo descritas sensibilidades de 70% no caso de CHC bem diferenciado, e de 30% para lesões moderadamente diferenciadas. A captação de agentes biliares por lesões metastáticas pulmonares tem sido relatada em pacientes com CHC, com taxa de detecção variando de 16,6%, nas imagens adquiridas 1 hora após a administração do radiofármaco, a 33,3%, nas imagens adquiridas 3 horas após o início do estudo. A área de retenção focal do radiofármaco em uma área de provável ectasia biliar junto à superfície hepática pode estar associada com o quadro de colangite de repetição. As imagens de SPECT/CT foram essenciais para a precisa localização de todas as lesões no presente caso.