Introdução: a presença de hipocaptação do radiofármaco na parede inferior observada na cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) de pacientes (p) do sexo masculino ainda é um desafio da prática clínica diária. A utilização do decúbito ventral (DV) associado ao decúbito dorsal (DD) para diferenciar isquemia e atenuação diafragmática surge como uma alternativa aplicável nos serviços em que a correção de atenuação não é disponível.

Objetivo: avaliar a eficácia da aquisição das imagens em decúbito ventral na diferenciação de isquemia e atenuação diafragmática em pacientes do sexo masculino submetidos à CPM.

Material e métodos: Foram avaliadas imagens de 132 p do sexo masculino (264 imagens após estresse e 132 basal) que realizaram CPM sendo as imagens após estresse (físico ou farmacológico) adquiridas em DD e DV e apenas em DD na fase basal. Avaliou-se melhora/ diminuição da hipocaptação do radiofármaco na parede inferior ou a manutenção dos achados. Considerou-se presença de artefato quando houve melhora /desaparecimento da hipocaptação na parede inferior e isquemia na ausência de melhora na captação após a adição das imagens em DV. A analise estatística foi realizada pelos testes do qui-quadrado (McNemar), avaliação de concordância (Kappa) e teste binomial exato (IC), sendo considerados significativos valores de p < 0,05.

Resultados: na metade dos exames, a parede inferior foi considerada anormal nas imagens em DD, com mudança do laudo em 72% após análise das imagens em DV, considerando-se, portanto, ser a hipocaptação decorrente de atenuação diafragmática. O valor de concordância entre os laudos de um mesmo paciente nos dois posicionamentos não mostrou-se significativo (Kappa= 0,0595), reafirmando a diferença do DV na definição do laudo (p = 0,0006 IC 95%).

Conclusão: Os resultados obtidos sugerem que a associação das imagens em DV ao DD na fase após estresse da CPM em homens deve, sempre que possível, ser realizada quando o DD apresenta a análise da parede inferior duvidosa.