Avaliação morfofisiológica do coração de atletas de diferentes modalidades esportivas

XXVI Congreso Brasileño de Medicina Nuclear 11 de octubre al 14 de octubre de 2012 Salvador de Bahía, Brasil
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A inervação autonômica do coração é fundamental para a sua estabilidade elétrica e hemodinâmica. O meta-iodo-benzilguanidina (mIBG) é um análogo da norepinefrina (NE), portanto é armazenado nas vesículas neurossecretoras das terminações nervosas pré-sinápticas do sistema simpático cardíaco. Nos atletas ocorrem adaptações cardiológicas estruturais e funcionais. O objetivo é estudar as alterações cardíacas morfofisiológicas secundárias ao treinamento físico e a correlação com a inervação simpática. A amostra foi composta por 58 indivíduos do sexo masculino, com faixa etária entre 19 a 47 anos, compreendidos em três grupos: grupo força (GF), formada por 20 atletas de musculação; grupo endurance (GE), 20 atletas de endurance; e grupo controle (CG), 18 indivíduos saudáveis não atletas. Os aspectos estruturais e funcionais foram avaliados por meio de ecocardiograma bidimencional com doppler, a função ventricular esquerda foi avaliada por meio de ventriculografia radioisotópica com hemácias marcadas com pertecnetato de sódio-99mTc e a inervação simpática cardíaca foi avaliada por meio de imagens cintilográficas planares cardíacas com mIBG-123I, utilizando-se a relação coração/mediastino (C/M) precoce com 15 minutos, tardia com 3,5 horas e taxa de washout (TW). Não houve diferença significativa do índice de massa ventricular esquerda (IMVE) na comparação entre GF (88,73 ± 28,71) e GE (79,25 ± 20,75) quando comparado ao GC (57,38 ± 14,29). A espessura relativa da parede em centímetros (ERP) foi significativamente maior no GF (0,39 ± 0,06) em relação ao GC (0,32 ± 0,04 p<0,017). Tanto a fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) quanto o peak filing rate (PFR) não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. A frequência cardíaca de repouso em batimentos por minuto (FCR) do GE (60,40 ± 8,58) foi significativamente menor quando comparada ao GC (68,67 ± 5,71 p=0,006) e ao GF (70,45 ± 9,64 p=0,002). A captação miocárdica de mIBG-123I na relação C/M tardia do CG foi de 2,25 ± 0,2 e não apresentou diferença significativa em relação ao GF (2,01 ± 0,25 p=0,597) e ao GE (2,06 ± 0,18 p=0,157). Já a TW foi significativamente maior no GC (23,93 ± 5,07) em relação ao GF (19,39 ± 4,07 p=0,005) e GE (18,84 ± 2,96 p=0,001). Não houve correlação significativa da C/M precoce, C/M tardia e TW com FCR, ERP e IMVE nos grupos avaliados, com exceção de uma correlação inversa moderada da C/M tardia e ERP para o GC (r=-0,550 e p=0,018). Conclui-se, portanto, que o treinamento endurance provoca uma redução significativa da FCR em relação ao GF e GC, e que o método planar de aquisição de imagens não parece ser suficiente para avaliar a inervação simpática cardíaca na cintilografia com mIBG-123I, não explicando a bradicardia sinusal observada em atletas de endurance, o que pode indicar a necessidade de avaliação complementar qualitativa com métodos tomográficos por SPECT (Single photon emission computed tomography).