INTRODUÇÃO: A ativação do sistema nervoso simpático é uma das anormalidades fundamentais na insuficiência cardíaca (IC) que se desenvolve ao longo da história natural da doença e possui impacto na morbimortalidade. Estudos como o ELANDD apontam para melhora da função ventricular em pacientes com IC por disfunção diastólica com o uso de Nebivolol.

OBJETIVO: Avaliar a resposta da ativação simpática cardíaca através da cintilografia com ¹²³I-MIBG após terapia de três meses com Nebivolol em pacientes com Insuficiência Cardíaca com fração de ejeção normal (ICFEN), Classe Funcional II e III da NYHA.

METODOLOGIA: Foram selecionados 14 pacientes, 6 do sexo masculino (42,9%) e 8 do sexo feminino (57,1%), com média de idade 61,14 anos (DP +- 10,58) no ambulatório de Insuficiência Cardíaca\ Cardiologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) no período de janeiro de 2011 até junho de 2012 com diagnóstico de IC, classe funcional II e III do NYHA e com fração de ejeção 45%, sem tratamento ou em terapia padrão para IC, porém, sem uso prévio de beta-bloqueadores. Os pacientes foram avaliados clinicamente, através de protocolo de anamnese padronizada do ambulatório de IC\Cardiologia. Foram realizados ECG, Radiografia de tórax, exames laboratoriais e ecocardiograma padronizado para pesquisa, onde foi avaliada a fração de ejeção do VE pelo método de Simpson. Na cintilografia miocárdica foi utilizada uma dose de metaiodobenzilguanidina (MIBG) marcada com iodo-123, fabricado no Instituto de Energia Nuclear do Rio de Janeiro (IEN-RJ). Os testes foram realizados e após a terapia de três meses com Nebivolol, com doses individualizadas de acordo com a tolerância e resposta.

RESULTADOS: A média do índice H/M para MIBG -¹²³I basal de 30 minutos encontrada foi de 1,81 (DP: 0,25) e 1,73 (DP: 0,27) para o de 4 horas. A média da Taxa de Washout basal foi 0,28 (DP: 0,14). Não foi encontrada resposta significativa na avaliação dos índices H/M de MIBG -¹²³I 30min (p= 0,3993) e de 4 horas (p=0,3600) ou na taxa de Washout (p=0,3649) após três meses de tratamento, assim como em nenhum outro exame de imagem ou laboratorial realizado (catecolaminas, ECG, Ecocardiograma, VRNI). Contudo, a resposta clínica desses pacientes foi evidente, com redução significativa da Classe Funcional segundo a NYHA (p=0,0004).

CONCLUSÃO: Apesar de não apresentar resposta adrenérgica significativa através da cintilografia MIBG -¹²³I, a resposta clínica é inquestionável, ancorando o valor da terapia com Nebivolol aos pacientes com ICFEN. Mecanismos adicionais podem estar operando na melhora clínica observada, como o efeito vasodilatador do Nebivolol. O aumento do número de casos será importante para confirmação destes achados e definição do papel do sistema adrenérgica neste contexto.

INSTITUIÇÃO:Setor de Medicina Nuclear, Hospital Universitário Antônio Pedro, UFF, RJ; Hospital Pró-Cardíaco, RJ